domingo, 19 de junho de 2011

Nas asas da TAM, nas mãos de Adriana

Meu olho treinado de jornalista revelou um vulto loiro que passara rumo à cabine e sentara ao lado direito. Era o voo JJ 3858, que saía de Porto Alegre com destino a Manaus, com escalas em Curitiba, Salvador e Fortaleza. Poucos passageiros perceberam aquela loira, alta, esguia, que passou com um raio e sentou-se ao lado do piloto, Ricardo Britto. O voo era atípico, pois, em Porto Alegre, o avião fora “entupido” pela delegação do Sport Club Internacional, que enfrentará o Coritiba hoje. O pouso em Curitiba foi diferente: a aeronave encostou o trem no chão, com suavidade. Em seguida, o bico do avião também desce e toca um chão como uma pluma e desliza rumo ao pátio. Pensei cá com meus botões: isso não foi pouso de homem. Esperei o tumulto da saída dos jogadores do Internacional e corri para a cabine. Lá estavam o comandante Ricardo Britto, e, ao seu lado, Adriana Barcelos, a co-piloto do Airbus A 330. Sorridente e muito simpático, Britto nem me deixou perguntar: ”olha quem nos fez o pouso!” e apontou para Barcelos! Para quebrar a frieza, brinquei com ela dizendo que Barcelos é uma cidade do Amazonas; Britto localizou a cidade no radar do avião, enquanto eu a parabenizava por representar todas as mulheres ao ocupar um lugar eminentemente masculino. Conversamos por alguns minutos. Ela não teve problemas em responder a indelicada pergunta sobre a idade: 35 anos. Capixaba (juro que pensei que era gaúcha), ingressara como co-piloto na TAM em novembro do ano passado e terá de esperar entre cinco e seis anos para assumir o comando do A 330. Agradeci e voltei para o meu assento. Em Salvador, houve troca de tripulação. Lá, o pouso foi tão suave e bem-feito quando em Curitiba. Voltei à cabine para desejar boa estada ao comandante: ”Foi ela de novo, né?”, perguntei. Ele, sorridente, revelou que sim e acrescentou: ”Eu já disse a ela que está pronta para comandar. Não precisa esperar tanto tempo, cumprir todas as etapas.” Simpática e cortes, Adriana Barcelos, apertou a minha mão e recebeu, mais uma vez, parabéns pelo novo pouso e por representar tão bem as mulheres brasileiras em um espaço (aéreo) durante muito tempo dominado pelos homens. Brinquei que, aos 40, ela seria piloto mais competente e em forma da aviação brasileira. Ela deu um sorriso (vermelho), meio encabulada, e se foi. Espero que o comandante Britto esteja certo e Adriana Barcelos não tenha de esperar tanto tempo para comandar as aeronaves de grande porte da TAM.


Um comentário:

  1. Além de competente a Adriana é humilde, não se deixando levar pelo glamour e status da profissão. Orgulho Capixaba!
    Cláudio Corrade.

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